POLÍTICA MINERAL | Código de Mineração pode ser aprovado no primeiro semestre
Dep. Federal Leonardo Quintão |
O novo Código de Mineração (PL 5807/13)
em análise na Câmara dos Deputados pode ser aprovado no primeiro
semestre deste ano. A expectativa do relator, deputado Leonardo Quintão
(PMDB-MG), é concluir as negociações com o governo até março. A partir
daí, ele acredita que a proposta não terá dificuldades de ser aprovada
na comissão especial e no Plenário da Câmara.
O atual marco regulatório do setor mineral (Decreto-Lei 227/67)
está em vigor desde 1967 e, para adequá-lo à modernização e ao
crescimento da atividade, o Executivo enviou uma proposta em junho do
ano passado, que passou por várias alterações na comissão especial da
Câmara.
Só os deputados apresentaram 372 emendas. Outras centenas de sugestões
surgiram nas quase 40 audiências públicas que ouviram, em todas as
regiões do País, cerca de 300 palestrantes, representando empresários,
trabalhadores, mineradores e governantes. O relator acatou várias dessas
sugestões. A proposta original do Executivo chegou à Câmara com 59
artigos e o substitutivo da comissão especial já tem quase 130.
Royalties da mineração
O governo não concordou com várias dessas mudanças, mas o maior impasse
está em torno de quatro pontos, segundo Quintão. Dois deles dizem
respeito à futura Agência Nacional de Mineração, que vai regular o
setor, e à Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), que
funciona como os royalties da mineração.
"Nós criamos uma agência de acordo com a Lei das Agências (9.986/00),
e o governo entende que isso não deve ser feito neste primeiro momento.
Este é um dos impasses que nós temos”, explica Quintão. “A segunda
dificuldade que estamos negociando é a inclusão das alíquotas da Cfem no
projeto. Parte do governo entende que isso deve ser feito por meio de
decreto, e o setor mineral e os parlamentares, por unanimidade, entendem
que nós temos a obrigação de colocar na lei as alíquotas a serem
pagas."
Quintão argumenta que a fixação das alíquotas da Cfem em lei é
fundamental para o planejamento financeiro das empresas minerádoras, que
pagam os royalties, e dos municípios e estados, que os recebem.
Direitos e pesquisa
Outra divergência com o governo é quanto ao artigo que define os direitos minerários como "reais e independentes do imóvel superficial".
"Nós colocamos que a produção mineral deve, sim, ser considerada como
um direito real, facilitando e reduzindo o custo do financiamento da
produção mineral no Brasil”, acrescenta o relator. “E estamos nessa
negociação com o governo, que não conseguiu se entender e inviabilizou a
votação no Congresso."
O quarto impasse é relacionado à fase de pesquisa e prospecção
mineral. O governo quer que a pesquisa seja feita por meio de chamada
pública de empresas, enquanto os deputados e o setor mineral defendem
uma fórmula que privilegie o empreendedorismo, sobretudo daqueles que
descobrirem novas jazidas.
Nessa negociação, Quintão disse que já cedeu no que foi possível:
"Nós tínhamos 18 pontos de divergência. Eu já cedi para o governo em 15.
Nesses outros pontos que debatemos, estamos contando com a boa vontade
do governo porque, sem isso, vamos ter uma lei que não será exequível".
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