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quinta-feira, 29 de maio de 2014
MINERAÇÃO | Seminário em Roraima discutiu mineração em terras indígenas

MINERAÇÃO | Seminário em Roraima discutiu mineração em terras indígenas


Na busca de saídas para frear a ânsia das mineradoras e as investidas do governo federal contra os direitos, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) realizou entre os dias 20 e 22, na aldeia Tabalascada, município de Cantá, um seminário com a presença de procuradores federais, pesquisadores e de lideranças indígenas de áreas afetadas pela exploração mineral e impactadas por obras governamentais.

No início do último mês de abril, o CIR divulgou nota de repúdio contra a autorização prévia para pesquisas minerais em terras do estado de Roraima, emitida pelo Conselho de Defesa Nacional, instância ligada à Presidência da República, conforme publicado no dia 24 de fevereiro no Diário Oficial da União e divulgado na imprensa local. Na nota, o CIR destacava que “o fato representa mais uma vez que o Estado brasileiro continua a mercê dos poderes políticos e econômicos que visam gerar lucros milionários à custa das terras indígenas, desrespeitando totalmente os direitos constitucionais”.

Em Roraima, os povos indígenas conhecem com bastante propriedade os efeitos da exploração mineral em seus territórios. A atividade garimpeira levou para aquele estado milhares de homens e mulheres de várias regiões do Brasil, sobretudo nordestinos. Porém, a grande massa acabou por se fixar na periferia da cidade, formando um exército de mão de obra de reserva explorada por toda sorte de aventureiros.

Em meados da década de 1980, na ocasião em que o governo de José Sarney desenvolvia o Projeto Calha Norte, mais de 30 mil garimpeiros foram levados para o interior das terras dos Yanomami. O saldo da violência cotidiana foi mais de três mil indígenas assassinados, exploração sexual, transmissão de doenças, destruição ambiental entre tantos outros crimes que ali se cometiam sem nenhum tipo de punição. Correu pelo mundo afora a notícia de que as doenças e as balas dos garimpeiros estavam levando os Yanomami à extinção. Em agosto de 1993, no caso que ficou conhecido como “massacre de Haximu”, doze yanomamis foram mortos por garimpeiros.

Na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, dos Makuxi, Wapichana, Ingaricó, Taurepang e Patamona, vários vilarejos se formaram em torno dos lugares onde era explorado ouro e diamante. Durante muitos anos aqueles povos viveram sob tensão provocada pela ida e vinda dos garimpeiros, com exploração sexual das jovens, comércio ilegal de bebidas alcoólicas e toda sorte de interferência na cultura. A cada vez que os indígenas resistiam à presença dos invasores, tornavam-se alvos da discriminação fermentada pelo ódio de empresários e da classe política massificado pelos veículos de comunicação de Roraima.

A nota divulgada pelo CIR revela a inquietação com as mais recentes articulações dos empresários do setor mineral para apressar a liberação das terras indígenas para pesquisa e exploração. Atualmente, circula no Congresso Nacional proposta para regulamentar o parágrafo primeiro do artigo 176 e o parágrafo terceiro do artigo 231 da Constituição Federal. Na Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei número 1610/96, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB/RR), que tem por fim regularizar a exploração mineral em terras indígenas.

Empresários e governo têm pressa. Como consequência vão sendo atropeladas a Constituição, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e outras leis que contemplam os povos indígenas.

(CIMI/J. Rosha)
 
Leia também:

Posição da Hutukara Associação Yanomami sobre a mineração em terras indígenas
                                                               
Davi Kopenawa Yanomami

Presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY)

Vocês, brancos, dizem que nós, Yanomami, não queremos o desenvolvimento. Falam isso porque não queremos a mineração em nossas terras, mas vocês não estão entendendo o que estamos dizendo. Nós não somos contra o desenvolvimento: nós somos contra apenas o desenvolvimento que vocês, brancos, querem empurrar para cima de nós. O desenvolvimento que vocês falam em nos dar não é o mesmo que conhecemos: vocês falam em devastar a nossa terra-floresta para nos dar dinheiro, falam que somos carentes, mas esse não é o desenvolvimento que nós conhecemos. Para nós desenvolvimento é ter nossa terra com saúde, permitindo que nossos filhos vivam de forma saudável num lugar cheio de vida.

Nós Yanomami entendemos muito bem sobre esse assunto e ficamos apenas preocupados com aqueles que dizem representar todo nosso povo e pedem por mineração. São pessoas que ficam pensando como as mineradoras funcionam, pensam que elas não devastam a floresta, mas não entendem o que realmente vai ocorrer. A mineração não é como o garimpo, não são pessoas que entram na floresta e degradam apenas algumas regiões. A mineração precisa de estradas para transportar os minérios, precisa de grandes áreas para guardar a produção, precisa de locais para alojar os funcionários, fará grandes buracos na terra que não deixarão a nossa floresta voltar a se recuperar.

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Seminário sobre Mineração e Hidrelétricas em Terras Indígenas - Declaração da Tabalascada

Nós, lideranças indígenas Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Ye’kuana, Yanomami do Brasil, lideranças indígenas Arauak, Wapichana, Akawaio da Guiana Inglesa, e lideranças indígenas Ye’kuana, Uwottuja, Yanomami, Yabarana e Baré da Venezuela, juntamente com nossas organizações indígenas Conselho Indígena de Roraima – CIR, Hutukara Associação Yanomami – HAY, Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos – APITSM, Conselho do Povo Ingarikó – COPING, Organização Regional dos Povos Indígenas do Amazonas – ORPIA, Horonami – Associação Yanomami da Venezuela, Organização de Mulheres de Aisharatoon, organizações aliadas como o Instituto Socioambiental – ISA e Conselho Indigenista Missionário – CIMI, e demais convidados, reunidos no Seminário sobre Mineração e Hidrelétricas em Terras Indígenas realizado nos dias 20 a 22 de maio de 2014 na Comunidade Indígena Tabalascada, região Serra da Lua, Roraima – Brasil, afirmamos que a Mineração e Hidrelétricas atingem a vida dos povos indígenas e que Mineração e Hidrelétricas andam juntas! Sem Hidrelétricas não tem Mineração.

Os benefícios alegados por quem defende a mineração e as hidrelétricas não são os benefícios que queremos ter. Para nós o que tem importância é a terra, a vida, as florestas, os animais, a cultura, a tranquilidade e nossa forma de vida garantida para nossas futuras gerações.

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(CIMI)
quarta-feira, 28 de maio de 2014
LICENCIAMENTO | Licença prévia do Alumina Rondon é entregue à Votorantim Metais

LICENCIAMENTO | Licença prévia do Alumina Rondon é entregue à Votorantim Metais


Na última sexta-feira (23), em Rondon do Pará, o secretário de Estado de Meio Ambiente, José Colares, entregou às lideranças da Votorantim Metais a licença prévia do Alumina Rondon, projeto que prevê a implantação de mina de bauxita e refinaria de alumina em Rondon do Pará. O empreendimento havia sido aprovado de forma unânime pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA), que considerou o projeto ambientalmente viável, durante reunião ocorrida em abril.

“A entrega da licença prévia representa o início de uma nova etapa do Alumina Rondon. A partir de agora, nos empenharemos no processo de obtenção da licença de instalação. A grande participação popular nas audiências públicas e ontem, na entrega da licença, é um sinal de que a população de Rondon do Pará está engajada no projeto”, avalia Sérgio Oliveira, coordenador de Sustentabilidade do Alumina Rondon.

Se comparado a outros empreendimentos da cadeia de alumínio no Estado, um dos grandes diferenciais do projeto é a integração da mina de bauxita com a refinaria de alumina. Na primeira fase do empreendimento, a produção de bauxita lavrada será de 7,7 toneladas por ano, e de alumina será de três toneladas por ano. O Alumina Rondon contará com um complexo industrial moderno com elevados padrões de segurança e meio ambiente. No processo industrial da refinaria, os resíduos serão empilhados a seco e a água reutilizada.

Qualificação

A contratação e a capacitação de mão de obra e de fornecedores priorizarão a população e empresários locais. Desde o segundo semestre de 2013, a Votorantim Metais está realizando uma série de qualificações que visam formar profissionais para o mercado de trabalho do sudeste paraense e para as etapas de construção e operação do Alumina Rondon. Os cursos são executados em parceria com as prefeituras de Rondon do Pará e Abel Figueiredo; SENAR, IFPA, SENAI, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Ministério da Educação, via Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec.

A expectativa é que, entre 2014 e 2015, sejam capacitados mais de sete mil moradores de Rondon do Pará, Dom Eliseu e Abel Figueiredo. “A qualificação da mão de obra local faz parte da atuação da Votorantim Metais nos municípios onde a empresa está presente e, quanto mais profissionais capacitados tivermos na região, maiores são as chances de inserção de moradores no mercado de trabalho e contratação pelo projeto”, explica Sérgio Oliveira.

Em 2013, a Votorantim Metais também assinou o protocolo de intenções com a Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM) para desenvolvimento de fornecedores, dentro do Plano Estadual de Atração de Novos Negócios. A empresa prevê, ainda, estabelecer uma parceria com o SEBRAE e o programa REDES (Rede de Desenvolvimento de Fornecedores do Pará) da FIEPA (Federação das Indústrias do Estado do Pará) para qualificar as empresas da região.

Apoio à Gestão Pública

Em Rondon do Pará, a Votorantim Metais está desenvolvendo o Programa de Apoio à Gestão Pública, uma iniciativa do Instituto Votorantim e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com a Prefeitura de Rondon do Pará. O programa contempla projetos relacionados à melhoria da Gestão Pública Municipal e Planejamento Físico e Territorial (Plano Diretor, Plano de Saneamento, Plano de Mobilidade e Plano de Habitação).

Os projetos de Modernização da Gestão Pública visam qualificar a administração municipal para elaborar propostas para melhoria geral dos setores sociais básicos, tais como a área tributária, educação, saúde e assistência social, bem como qualificar servidores para gerir a aplicação dos recursos captados. E os de Planejamento Físico e Territorial têm como objetivo apoiar o poder público municipal a viabilizar recursos federais para execução de obras de infraestrutura, como abastecimento de água, resíduos sólidos, esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais.

(Votorantim Metais)
quinta-feira, 22 de maio de 2014
AMAPÁ | Zamin Ferrous planeja retomada de operações

AMAPÁ | Zamin Ferrous planeja retomada de operações


Girimias Moura enfatizou, ainda, que a mineradora está atuando com agilidade com relação ao processo de licenças pendentes junto ao Governo do Estado do Amapá, para fazer com que a retomada de produção na usina, ocorra no mês de julho.

A Zamin Amapá, com operações no porto, no município de Santana, tem mantido as atividades operacionais com embarques feitos por meio de barcaças, que atracam no píer fixo da Zamin Amapá, onde foram instaladas correias transportadoras. As barcaças fazem a transferência do minério para embarcações localizadas na Companhia das Docas de Santana (CDSA) e no porto próximo ao balneário do Distrito de Fazendinha.

Girimias Moura fala do novo terminal portuário de minérios da Zamin. Segundo o gerente de operações da Zamin Amapá, o novo terminal portuário de minérios, será contemplado de uma tecnologia holandesa com a instalação de uma plataforma elevada que será fixada no fundo rio (Jack-up) e permitirá a atracação dos navios, substituindo o antigo píer flutuante.

Após o acidente ocorrido em março de 2013, cuja infraestrutura do porto utilizado para o carregamento do mineral de ferro extraído da mina do município de Pedra Branca do Amapari, foi destruída por um deslizamento, causando a morte de seis pessoas, a mineradora atua no fortalecimento das medidas de segurança do porto.

Após receber uma licença ambiental do Instituto de Meio Ambiente do Amapá (IMAP), a Zamin Amapá trabalha no processo de dragagem em sua área portuária, com vistas a aumentar a segurança no local, incluindo a construção de uma parede de diafragma, espécie de muro de contenção, na extensão da margem do Rio Amazonas, dentro da área da empresa.

O grupo Zamin opera no Brasil desde 2005, com as minas Susa, no Rio Grande do Norte (RN), e Greystone, na Bahia. No Estado, a mineradora já opera a Zamapá Mineração desde 2011, e com a aquisição do Sistema Amapá, o grupo será fortalecido com o principal empreendimento na produção de ferro.

O seminário "Amapá Logística e Offshore" realizado pelo Governo do Amapá, por meio da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), segue com debates acerca da exploração de petróleo na costa do Amapá, logística e infraestrutura portuária para a indústria de petróleo, gás e combustíveis, licenciamento ambiental para atividade portuária e offshore, controle e polícia da navegação, licenciamento da atividade portuária e uma visita às instalações portuárias.

(Agência Amapá/Amapá 247)
NOTÍCIAS RÁPIDAS | NOVO CÓDIGO DE MINERAÇÃO - DNPM

NOTÍCIAS RÁPIDAS | NOVO CÓDIGO DE MINERAÇÃO - DNPM


Henrique Alves arquivou representação contra relator do Código de Mineração

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), arquivou representação contra o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do Código Nacional de Mineração. No último dia 6, organizações da sociedade civil protocolaram, na Secretaria-Geral da Câmara dos Deputados, requerimento contra deputado, sob a alegação de quebra de decoro parlamentar por possível conflito de interesse.

As entidades argumentaram que Quintão não poderia ser relator do projeto por ter recebido doações de mineradoras para a campanha. No documento, as entidades alegam que Leonardo Quintão vem defendendo “de forma irredutível” os interesses de grandes mineradoras na relatoria do Código de Mineração.

A defesa do deputado disse que não há irregularidades, uma vez que as doações estão disponíveis na página do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

O texto do Código de Mineração reestrutura o setor mineral brasileiro. Um de seus principais pontos dobra os royalties da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), paga à União, aos estados e municípios sobre o minério extraído. Também estão previstas licitações para a exploração das jazidas que hoje têm apenas autorizações.

(Agência Brasil)

Novo Código de Mineração pode facilitar licenciamento da água mineral


“Alguém bebe areia? Alguém bebe brita, cascalho? Água não é minério, é vida, é saúde”. A preocupação de Alzira Maria Fernandes, da associação Amar’Água, é com o novo Código de Mineração, em votação no Congresso Nacional. No projeto, a licença para a exploração da água mineral passa a ser feita por uma autorização de aproveitamento dos recursos, do mesmo modo como acontece, por exemplo, com os minerais usados na construção.

O deputado mineiro Gabriel Guimarães, presidente da Comissão Especial do Novo Código de Mineração, defende que a mudança não deve interferir na regulação dessas áreas. “Se, por um lado, a autorização simplifica a concessão, ela também dá mais autonomia ao poder público sobre ela”, diz. O modelo em vigor é o de concessão de lavra, em que a União concede o direito de exploração total de uma área a um particular, que pode transferi-lo a um terceiro. Já na autorização é possível, por exemplo, cassar o alvará de explotação a qualquer momento sem a necessidade de indenizar a empresa.

“Na minha interpretação, é uma forma de facilitar o licenciamento ambiental. Estão rebaixando o status da água mineral, que passa a ser explorada como a argila ou a areia que é retirada do rio”, contesta o promotor de justiça Bergson Cardoso Guimarães, que é autor do livro Direitos Coletivos Ambientais e a Exploração (in) Sustentável das Águas Minerais (editora Mandamentos, 2009).Ele explica que atualmente é o Estado que faz o licenciamento ambiental dessas áreas para exploração. Com a alteração, isso poderá ser feito pelo próprio município, com o chamado licenciamento facilitado. O regulamento prático das questões colocadas no novo código, entretanto, só será feito após essa votação, também pelo Congresso.

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(Ecossocialismooubarbarie
 
DNPM: Padre Ton pede estrutura para o órgão em Rondônia
 
Contribuindo para a economia do Estado por falta de estrutura material e humana na Superintendência do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A situação, relatada ao deputado federal Padre Ton (PT-RO) pela Associação Profissional dos Geólogos de Rondônia (Aprogero), foi debatida hoje (15) em audiência do parlamentar com o diretor geral substituto do órgão, em Brasília, Victor Hugo Bicca.

O deputado disse que a situação é bastante crítica, havendo o acúmulo de centenas de processos de Requerimentos de Pesquisa Mineral, Relatórios Finais de Pesquisa, Solicitações de Lavra Experimental, Registros de Licenciamento de Prefeituras, Cessões Parciais e Totais de Direitos Minerários,Planos de Aproveitamento Econômico e Requerimentos de Lavra, pendentes de avaliação técnica por falta de pessoal.

Em documento encaminhado pela Aprogero, entregue pelo deputado a Victor Hugo, os geólogos relatam que a falta de pessoal está prejudicando todo o setor mineral de Rondônia e também do Acre – região que também é atendida pela superintendência -, “atingindo pequenos, médios e grandes mineradores” e também o “mercado de trabalho dos profissionais da área, como geólogos e engenheiros de minas, que não conseguem mais dar andamento aos seus trabalhos devido a atual paralisia do DNPM”.

A ausência de instalações adequadas para funcionamento do DNPM, em Porto Velho, foi outra questão abordada. Segundo o superintendente, Deolindo de Carvalho, o prédio, implantando em 1969, recebeu a última reforma em 1985. “Há 29 anos que não se realizam melhorias na estrutura física, que continua precária. É preciso reparo na parte hidráulica e elétrica”, declara no documento da Aprogero.

“A deterioração do prédio é visível. Toda a estrutura é precária, e coloca em risco não apenas os que lá trabalham, mas também os que procuram o atendimento dos serviços prestados”, disse Padre Ton.

Victor Hugo afirmou que a falta de estrutura humana em Rondônia e em outras regiões do Brasil é de conhecimento da direção nacional do DNPM, e que depende do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) a aprovação para a admissão de mais profissionais para o quadro da superintendência. O diretor disse que a grande preocupação com o quadro do DNPM é o fato de que “40% de todo o pessoal existente pode se aposentar a qualquer momento”.

“Acreditamos que com a criação da Agência Nacional de Mineração, prevista no projeto de criação do novo Código de Mineração, essa situação será resolvida. E em relação ao prédio, já existe um plano para execução de oito obras prioritárias, e uma delas é a de Rondônia”, destacou.

O diretor confidenciou que o próprio prédio em Brasília está condenado pelo Corpo de Bombeiros, pedindo apoio do deputado para defender as reivindicações do órgão no Ministério do Planejamento. Padre Ton fez o compromisso de contribuir, levando às demais áreas do governo, a justa reivindicação do DNPM.

(Mara Paraguassu / Rondônia Dinâmica)
CPRM | Avanços em pesquisas de mineração no País

CPRM | Avanços em pesquisas de mineração no País


O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Manoel Barretto, apresentou um balanço geral da atuação da companhia nos últimos anos, destacando as pesquisas que permitiram progresso nas atividades de mineração no País.

Barretto iniciou a palestra “Programa de Subsídios à Exploração Mineral da CPRM” mostrando a importância da cartografia para o setor mineral, segmento da economia que representa mais de 6% do PIB brasileiro. O diretor-presidente da CPRM ressaltou que o governo federal fez, nos últimos anos, um esforço para ampliar os investimentos para a exploração mineral, com vistas à geração de empregos, renda e receitas, especialmente nas regiões mais remotas do país e para a geração de insumos básicos para a indústria, a agricultura e construção civil.

As diretrizes gerais sinalizam para os mapeamentos geológicos com foco metalogenético em áreas especiais; para projetos de geoquímica prospectiva em áreas de interesse mineral; para projetos metalogenéticos visando fomentar investimentos em pesquisa mineral; e para projetos temáticos com foco no fosfato, diamante, terras raras e materiais de construção.

Enfatizou ainda que os levantamentos geológicos no Brasil podem ser divididos em três grandes ciclos na geração de conhecimento. O primeiro marca o início dos levantamentos sistemáticos que vai de 1970 até 1980; o segundo, com o Programa de Levantamento Geológico Básico (PLGB), de 1986 a 1998; e o terceiro, representado pelo atual Programa Geologia do Brasil (PGB), iniciado em 2004. Com o PGB, o governo brasileiro investiu de 2004 até hoje mais de US$ 105 milhões. Para ter-se uma visão sobre a importância que o governo federal dá ao setor, a evolução orçamentária da CPRM vem crescendo ano a ano. Em 2003, girava em torno de R$ 108 milhões. Em 2014, esse valor atingiu mais de R$ 465 milhões. 
 
Entre os objetivos, destaca-se, além do avanço no conhecimento geológico básico do Brasil, a retomada do ciclo de geração de jazidas minerais, o fortalecimento dos sistemas estaduais de geologia e recursos minerais, a indução do setor de serviços no setor mineral. Para tanto, os investimentos em recursos minerais entre 2011 até hoje superam R$ 45 milhões. Manoel Barretto Também enfatizou os trabalhos na aplicação do conhecimento geológico para dar suporte aos trabalhos de geodiversidade, como nas atividades de uso e ocupação do solo e risco geológico.
 
(CPRM/Portal Brasil)
ARTIGO | 30 anos de terra arrasada no território de Carajás

ARTIGO | 30 anos de terra arrasada no território de Carajás

 
Seminário internacional reuniu lideranças indígenas e representantes de movimentos sociais para discutir impactos sociais e ambientais em Carajás (PA).

O maior trem do mundo
Leva minha terra
Para a Alemanha
Leva minha terra
Para o Canadá
Leva minha terra
Para o Japão

O maior trem do mundo
Puxado por cinco locomotivas a óleo diesel
Engatadas geminadas desembestadas
Leva meu tempo, minha infância, minha vida
Triturada em 163 vagões de minério e destruição

O maior trem do mundo
Transporta a coisa mínima do mundo
Meu coração itabirano

Lá vai o trem maior do mundo
Vai serpenteando, vai sumindo
E um dia, eu sei não voltará
Pois nem terra nem coração existem mais.

(Carlos Drummond de Andrade)

Em uma sala de aula muito simples, despojada de quase tudo menos da professora e seus poucos alunos, a rotina do ensino é repentinamente interrompida por um rugido crescente entrecortado por uivos ensurdecedores. A fala da professora se perde no caos sonoro e cala, enquanto os meninos levantam os olhos e esperam, respiração suspensa. A câmara se afasta da cena porta afora, gira e foca um trem da mineradora Vale, que rasga a comunidade rural no interior do Maranhão em grande velocidade. Passam vagões por intermináveis minutos, tudo treme. Depois, aos poucos, o silêncio volta e os meninos suspiram, aliviados. Mas não houve sobressaltos, o trem da Vale é rotina.

A cena é parte do documentário “A peleja do povo contra o dragão de ferro”, do cineasta maranhense Murilo Santos, lançado na última segunda, 5, na abertura do seminário internacional Carajás 30 Anos. Por uma semana o evento reuniu atingidos por projetos de mineração, intelectuais e organizações e movimentos sociais na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luis, para destrinchar o legado de 30 anos de funcionamento do Projeto Grande Carajás.

“O que aconteceu no Maranhão, território da Vale, nos últimos 30 anos?”, questiona o padre Dario Bossi, coordenador da rede Justiça nos Trilhos, uma das organizadoras do evento. “Em resumo, superexploração, colonialismo e ditadura. Uma superexploração dos recursos naturais, mas também do trabalho, do tempo, das oportunidades, que levou a um estado de miséria profunda principalmente nos locais onde estão instalados os projetos minerários. Colonialismo porque se repete o velho e eterno sistema de saque de riquezas para exportação. E ditadura nas práticas repressivas das empresas e do governo contra os impactados, resistentes e críticos, através de criminalização, repressão, espionagem”, reflete Bossi.

Impactos da Vale

 
O filme de Santos sintetiza, em pouco mais de uma hora, boa parte dos impactos da atividade mineira da Vale, da estrada de ferro Carajás e das guseiras que orbitam no entorno da maior mina de ferro do mundo, retratando uma seqüência de agressões a indígenas, quilombolas e dezenas de comunidades rurais nos estados do Maranhão e do Pará. Um tipo de “4ª guerra mundial”, de acordo com o jornalista uruguaio Raul Zibechi.

Convidado a analisar o setor da mineração à luz do direito internacional e dos Estados nacionais, Zibechi avalia que a sanha da apropriação dos bens comuns pelo capital, em especial a mineração na América Latina, desencadeou uma guerra contra as populações tradicionais, criando zonas ou estados de exceção, onde direitos deixam de ter qualquer validade.

“A mineração pode ser considerada a síntese de um novo colonialismo na nossa região. No Peru, 50% do território nacional está concessionado para o setor, num sistema muito semelhante às concessões das antigas colônias. No Chile, a mineração consome 37% de toda a energia produzida no país. Na fronteira do Chile com a Argentina, onde se pretende construir uma mina de ouro nos glaciais entre os dois países (projeto Pascua-Lama), se fala em “facilitação fronteiriça”, mudanças nas leis de fronteira, que passaria assim a pertencer a uma empresa multinacional (a canadense Barrik Gold). Legislações são modificadas em favor das mineradoras, e sobram Estados falidos do ponto de vista da defesa dos povos. Não existe democracia real nos espaços de mineração”, afirma Zibechi.

Direitos indígenas

 
Welton John, indígena Aikewara da Terra Indígena (TI) Sororó, localizada a 100 km de Marabá, sul do Pará, comunga da análise do jornalista uruguaio a partir da história recente de seu povo. “Temos sido vítimas de ataques do Estado desde a década de 1970, com a construção de grandes estradas (Transamazônica e Belém-Brasilia)”, inicia Welton.

Hoje, o problema maior é o transito dos caminhões da Vale pela BR-153, que corta a TI, e as atividades da americana Dow Corning, cuja usina de silício metálico está localizada às margens da área indígena. Do meio da TI se escutam e se sentem as explosões das atividades da empresa, que também se tornou ponto de partida da invasão de madeireiros no território Aikewara.

Além dos Aikewara, áreas dos indígenas Asurin, Parakanã, Guajajara, Atikum, Xicrin, Awá-Guajá, Kaapor, Gavião Parkatêjê, Kyikatêjê e Akrãtikatêjê e índios isolados do Pará e do Maranhão sofrem os impactos das atividades de mineração na macro-região de atuação da Vale, palco de intermináveis ações por reparação de danos.

Em uma sala da UFMA, representantes de quase todas as etnias atingidas ouvem as palavras de Welton: “Há tempos atrás, uma liderança indígena, Paulinho Paiakan, disse que os índios tinham que mudar de armas e lutar com papel e caneta. O que ganhamos com isso? Está na hora de deixarmos a caneta e retomarmos arco e flecha e borduna. Porque vejam, no Rio de Janeiro pararam a cidade por causa do transporte. Primeiro, a polícia veio e botou todo mundo pra correr. Mas depois veio mais gente, mais gente, e ganharam. Porque não podemos fazer a mesma coisa? Juntar índio, ribeirinho e quilombola, e fazer luta de verdade? Onde tem o que é inestimável para nós, a Vale quer implantar suas minas. Pra nós, não tem dinheiro que vale”.

De um mundo muito distinto dos Aikewara, a alemã Susanne Schultz, doutora em ciências políticas pela Universidade de Berlim, trabalha com projetos no Brasil desde 1987. A convite da Fundação Rosa Luxemburgo, Susanne recebeu a missão de analisar as relações Brasil-Alemanha no mercado internacional de ferro, uma vez que 50% desta matéria prima importada por seu país vem das minas brasileiras.

“Precisamos fortalecer a noção de danos da cadeia produtiva do ferro, uma vez que a sociedade civil e o mercado consumidor teriam potencial força de influenciar o modelo produtivo. Mas na Alemanha a política governamental chamada “Estratégia de Matérias Primas” (Rohstoffstrategie) tem como objetivo principal assegurar o acesso das grandes multinacionais com sede na Alemanha a materias primas a nível global, e os mecanismos internacionais de garantir direitos humanos e proteção ao meio ambiente, dos quais a Alemanha faz parte, ficam no segundo plano e no mero discurso, sem mecanismos de implementação.

Há um grupo de cerca de 40 ONGs, reunidas no chamado Grupo de Trabalho sobre Matérias Primas (AK Rohstoffe) que tem como objetivo substituir critérios voluntários de empresas por critérios mandatários, porque os mecanismos voluntários de responsabilidade social obviamente não funcionam. Mas não é fácil desconstruir o discurso de ‘é só um trem, não é grande coisa’, quando falamos da estrada de ferro Carajás, por exemplo. É preciso dar mais visibilidade aos impactos sobre as terras indígenas, quilombolas, das comunidades rurais, e sobre o meio ambiente”, avalia a cientista política.

Acima de tudo, porém, Susanne pensa que a esquerda em seu país têm o dever de se aprofundar no debate sobre o extrativismo (aqui conceituando a extração de matérias primas como sistema social), levando em conta a profunda transformação social que caracteriza o modelo desenvolvimentista, e os mecanismos de poder que dão sustentação às atividades minerárias. “Seria importante que os partidos Verde e Die Linke (A Esquerda) se envolvessem mais no tema, e que deslocassem para o primeiro plano a compreensão que o modelo social que impõe o extrativismo sobre uma região é devastador em muitos aspectos. E limita cada vez mais as possibilidades de construirmos um futuro e uma economia mais justos, sustentareis e diversos a nível regional. É disso que depende o futuro que queremos”.

Independente do que se desenrola em gabinetes, porém, a impaciência dos povos da área de influência de atuação da Vale parece estar chegando próximo a seus limites. A intolerância com abusos deu o tom de todas as falas no seminário Carajás 30 Anos, marcou uma manifestação em frente à sede da empresa, e explodiu na marcha que tomou as ruas de São Luis, derrubou grades da polícia e estacionou em frente ao palácio da governadora Roseane Sarney na quinta, dia 8.

Com base na experiência de anos estudando os movimentos sociais da América Latina, Raul Zibechi sintetiza: “Quando a dignidade não é reconhecida, há que se romper. Há que se criar condições para inviabilizar o roubo. Não pelas vias da negociação, mas pela expulsão. Construir esta nova cultura, este é o desafio”.
Por Verena Glass* (texto e fotos)
 
Artigo Publicado Originalmente no Repórter Brasil
 
 
* Verena Glass é jornalista e coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo. Para saber mais sobre impactos da Vale no Pará e no Maranhão, acesse o relatório da Plataforma DHESCA “Mineração e violação de direitos: o projeto Ferro Carajás S11D”  
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