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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

GARIMPO | Operação em área Yanomami prende 80 pessoas em Roraima

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), cerca de 260 pessoas foram presas e pelo menos 30 balsas foram destruídas durante a operação 'Korekorema II', ocorrida em uma reserva indígena no nordeste de Roraima e que contou com o apoio da Polícia Militar. Uma rede de garimpo que, segundo o órgão, movimentou quase R$ 40 milhões nos últimos cinco meses, foi desarticulada. Ainda de acordo com estimativa divulgada pela Funai nessa quarta-feira (3), 80 quilos de ouro foram retirados ilegalmente da região de Waicais, na Terra Índigena Yanomami, durante o período de funcionamento do garimpo.

A área fica a 300 quilômetros de Boa Vista e tinha aproximadamente 500 'funcionários' que atuavam ilegalmente na região. Segundo o coordenador-geral da Frente de Proteção Yanonami e Ye'kuana (FPYY), João Catalano, os garimpeiros retiravam o ouro e enviavam à República Cooperativista da Guiana, Venezuela e à capital de Roraima 

O combustível que mantém as balsas,o lixo e metais pesados são jogados no rio Uraricoera e podem afetar as populações de todo o estado, segundo João Catalano.

"Depois de chegar a Boa Vista, o ouro era vendido para outras pessoas que, por sua vez, revendem o metal para compradores do eixo Rio de Janeiro e São Paulo", disse Catalano, reiterando que a prática é ilegal. "O que eles faziam é caracterizado como evasão de divisas e é crime", destacou.

Segundo ele, o garimpo é mantido por 'empresários de Roraima' e existe um 'verdadeiro esquema de lavagem de dinheiro' para manter a atividade. "O garimpo na área Yanomami é controlado por diversos empresários que usam aviões e barcos para retirar da terra todo o ouro que os garimpeiros encontram", descreveu.

O garimpo em Waicais, ainda conforme Catalano, gera diversos malefícios às populações indígenas e pode refletir na qualidade da água do Rio Branco, que abastece todo o estado. A contaminação da água ocorre pelo despejo de metais pesados, combustível e lixo no rio Uraricoera.

Operação
 
Segundo o comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) da Polícia Militar, com a prisão dos garimpeiros e a destruição das balsas a missão da Korekorema II já está praticamente encerrada. A operação foi iniciada no dia 27 de novembro. "O que falta agora é só terminar de trazer os detidos para a capital", pontuou.

Sobre o sargento baleado durante um confronto entre garimpeiros e policiais, Arcanjo afirmou que o suposto autor do disparo já foi identificado e será preso em breve. O estado de saúde do policial é estável, mas ele segue internado no Hospital Geral de Roraima.

'Somos vítimas'
 
Ao G1, garimpeiros que foram detidos na área indígena disseram que são 'vítimas do descaso do poder público' e contestam os dados da Funai. Segundo eles, a região de Waicais é pobre em ouro e eles só ganham o suficente para sobreviver.
'O garimpo na área indígena é ilegal só no papel', diz homem que é garimpeiro desde os 15 anos de idade. 
 
"Ganhamos pouco, porque não é toda semana que encontramos ouro. Às vezes conseguimos, mas não é sempre assim", disse um garimpeiro que preferiu não se identificar.

Ele, que tem 42 anos, disse trabalhar desde os 15 anos com a atividade ilegal. "Estou há sete meses em Waicais e já trabalhei na Colômbia, Venezuela, Suriname, na Guiana Francesa e na República da Guiana", contou, defendendo que o garimpo em Roraima só é ilegal no papel. "Eles dizem que é ilegal, mas são as próprias autoridades que colaboram e dão emprego para a gente".

Conforme uma mulher, que disse ser cozinheira em uma das 30 balsas agora desativadas, a comida que alimenta os garimpeiros é comprada em Boa Vista e levada de barco para Waicais. "Nós moramos aqui, mas recebemos assistência de fora e pagamos um aluguel para ficar na região", afirmou. 
 
Indigenas temem conflitos
 
O líder indígena e presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, disse temer que o garimpo na área demarcada possa gerar um novo massacre aos nativos. Em entrevista ao G1, ele citou que, se a tensão entre garimpeiros e indígenas aumentar, poderá haver um massacre semelhante ao caso Haximu, que vitimou 12 índios entre os anos 80 e 90.

"São os mesmos invasores que continuam explorando a Terra Yanomami e é por isso que a gente teme um conflito entre indígenas e garimpeiros assim como ocorreu na região de Haximu", desabafou.

Para Kopenawa, a culpa pela constante exploração garimpeira em área Yanomami está nos governos estadual e federal. "As autoridades não estão com vontade de ajudar os povos indígenas. Eles estão deixando invadir a nossa terra", afirmou o líder indígena.Mais de 80 pessoas foram presas nesta segunda-feira (1º) por prática de garimpo e prostituição na Terra Indígena Yanomami, no nordeste de Roraima. As detenções foram feitas na região de Waicais, a 300 quilômetros de Boa Vista, durante atividades da 'Korekorema II', operação de combate à permanência ilegal em área de reserva indígena iniciada na quinta-feira (27), após uma equipe da Fundação Nacional do Índio (Funai) constatar, durante sobrevoo, a prática de garimpo na localidade. Doze policiais militares atuam na operação apoiando a Funai (Veja vídeo acima)


Ao G1, o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana (FPEYY), João Catalano, disse que com as pessoas detidas foram encontradas armas, drogas, canoas e motores. Na região de Wuaicais vivem cerca de 80 índios da etnia Yanomami.

"Os garimpeiros e as pessoas que estão com eles estavam vivendo ilegalmente na cabeceira do rio Uraricoera e cometendo vários crimes juntamente com a prática do garimpo. Além disso, os índios nativos da região estavam sendo feitos reféns por eles", alegou Catalano.

Além das prisões, dez das 38 balsas usadas pelas aproximadamente 500 pessoas que vivem de forma ilegal na região já foram destruídas. Desta forma, segundo Catalano, a operação deve causar 'pelo menos R$ 4 milhões em prejuízo' aos financiadores do garimpo.

"Essas operações têm o objetivo de causar prejuízo, porque quando você 'mexe no bolso' do cidadão que investe no garimpo, ele tende a deixar a atividade econômica, que passa a ser inviável", pontuou.

Membros da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana, da Funai, Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e 12 homens da Polícia Militar participam da 'Korekorema II', que significia 'panela velha' na língua Yanomami.

Poluição
 
Segundo Catalano, o garimpo na cabeceira do rio Uraricoera, em Wuaicais, gera diversos malefícios às populações indígenas e pode refletir na qualidade da água do Rio Branco, que abastece todo o estado. A contaminação da água ocorre pelo despejo de metais pesados, combustível e lixo no rio Uraricorera.

"Num primeiro momento, a contaminação do rio Uraricoera afeta com muita intensidade as comunidades indígenas e depois acaba afetando toda a população de Roraima", disse Catalano complementando que há garimpos nos rios Mucajaí e Apiaú. "Essa situação extrapola a questão indígena e se torna um problema de saúde pública".

Operação
 
Iniciada há quatro dias, a 'Korekorema II' é a continuação de uma operação de mesmo nome desencadeada no início deste ano. Antes de iniciar a ação, membros da Funai fizeram um sobrevoo pela região no último dia 18 e constaram a prática da atividade ilegal.

Estima-se que nessa etapa da ação mais de 90 pessoas já tenham sido detidas, e pelo menos três delas trazidas para Boa Vista. No sábado (28) um sargento da Polícia Militar foi baleado durante um confronto e um reforço policial foi enviado à região.

Depois de detidas, todos as pessoas que vivem ilegalmente na região deverão ser entregues na sede da Polícia Federal, em Boa Vista. "A missão da Funai se encerra quando os criminosos são retirados da área indígena e passam a ficar sob responsabilidade das polícias federal e militar", encerrou Catalano. 
 
(G1/RR)

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