#AMAPÁ | Site sobre mineração diz que Zamin é investigada
O site "Notícias de Mineração no Brasil" voltado exclusivamente a
informações relacionadas a atividade mineral no país acaba de publicar
uma longa reportagem sobre o escândalo envolvendo a Zamin Ferrous com
corrupção no Amapá. De acordo com a publicação a empresa é acusada de
pagar propina de R$ 11 milhões para o deputado estadual Júnior Favacho
(PMDB) para conseguir a concessão da Estrada de Ferro do Amapá (EFA).
Segundo o site, o parlamentar assinou, em 2013, ato que autorizou,
sem votação no plenário, a mineradora a usar a ferrovia, que liga os
municípios de Santana (AP) e Serra do Navio (AP).
Na época, diz a publicação, alguns parlamentares foram resistentes à
instalação da Zamin no Amapá. A mineradora começou as atividades no
Estado após comprar ativos da Anglo Ferrous por US$ 136 milhões. A
operação foi concluída no início de 2013, no entanto, somente no fim
daquele ano foi oficializada, após o ato da Mesa Diretora da Assembleia
Legislativa do Amapá (Alap).
O Notícia da Mineração no Brasil (NMB) diz que a propina teria sido
paga pela Zamin por meio de uma outra empresa, sediada no Rio de
Janeiro. O depósito ocorreu em uma conta-corrente de um ex-servidor da
Alap, advogado e representante legal do deputado Favacho. O caso foi
descoberto em 2015, quando o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (CAF), do Ministério da Fazenda, verificou a movimentação
anormal de R$ 11 milhões na conta do ex-empregado.
O MP descobriu que parte do dinheiro, cerca de R$ 4 milhões, foi
usado para compras de caminhões e máquinas de construção civil para
empresas ligadas a Favacho. Uma companhia seria da esposa e outra da
irmã do deputado estadual. Em depoimento, o advogado do parlamentar
confirmou que viajou com Favacho a Belém (PA) para adquirir os
equipamentos.
"Antes de exercer o cargo de deputado estadual, já era empresário do
setor da construção civil. Nesse campo, conduzo a construção de um
condomínio residencial no distrito de Fazendinha [em Macapá]. Pela
dimensão do projeto, foi necessário buscar investidores de grande porte,
e o empresário Carlos Daniel decidiu apostar no investimento e fazer a
parceria. Não se trata de propina os valores a que se refere a
investigação. O dinheiro é investimento que o empresário Carlos Daniel
fez como parceiro do condomínio. É muito natural que o investimento
tenha sido feito em caminhões e máquinas pesadas, por se tratar de obras
de construção civil", disse o deputado ao portal de notícias G1.
O empresário citado por Favacho é Carlos Daniel de Magalhães Filho.
Ele, segundo a investigação, seria o representante da Zamin Ferrous na
negociação da Estrada de Ferro do Amapá.
Cerca de R$ 600 mil também teriam sido depositados na conta de uma
pizzaria do ex-presidente da Junta Comercial do Amapá (Jucap), Jean Alex
Nunes, apontado na decisão de ser o intermediador das negociações entre
a mineradora e Favacho.
Na quarta-feira (2), o MP e a Polícia Federal (PF) deflagraram a
operação Caminhos do Ferro no Amapá e no Rio de Janeiro para investigar o
caso. Segundo o MP, foram expedidos oito mandados de busca e apreensão e
três mandados de prisão temporária, que foram cumpridos em Macapá (AP),
Santana (AP) e Rio de Janeiro (RJ). A operação contou com a
participação de cerca de 40 policiais federais. Os investigados
responderão pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica,
corrupção ativa ou passiva e lavagem de dinheiro.
Bens foram bloqueados pela Justiça do Amapá, entre eles cinco
caminhões e quatro máquinas, como retroescavadeiras e motoniveladoras
que seriam parte da suposta propina. O suborno teria sido pago em duas
vezes, uma de R$ 5,3 milhões e R$ 5,2 milhões, totalizando R$ 10,6
milhões.
Em nota, Favacho disse que desconhece o teor das investigações. "Eu e
minha família estamos sofrendo um desgaste imensurável de nossa imagem,
além de prejuízos nos negócios. Nunca fui intimado no processo e
desconheço completamente o teor das investigações. Me coloco à
disposição de todas as autoridades", afirmou.
A EFA foi inaugurada em 1957 e tem um total de 194 quilômetros,
ligando os municípios de Santana e Serra do Navio, a 17 quilômetros e
203 quilômetros de Macapá, respectivamente. A ferrovia foi construída
para transporte e exportação da produção mineral, principalmente ferro e
manganês.
A Zamin concluiu a aquisição da operação de minério de ferro, que
pertenciam à Anglo American no fim de 2013. A operação, iniciada pela
MMX, foi vendida para a Anglo em 2008 como parte do pacote que incluiu o
projeto Minas-Rio. A produção da Zamin está paralisada há anos, porque,
além dos baixos preços do minério, a empresa não tem como exportar a
commdity devido às obras de reconstrução do Porto de Santana, ainda em
andamento.
(Brasil247/Amapá247)
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