EXPLORAÇÃO MINERAL | Horizonte Minerals busca sócios para projeto no Pará
Localização do Projeto Níquel Araguaia. Fonte: Horizonte Minerals |
A inglesa Horizonte Minerals, listada nas bolsas de Londres e
Toronto, quer se tornar uma das maiores empresas globais de recursos
minerais. Mas ainda está no começo e escolheu uma mina de níquel no
sudeste do Pará para seus primeiros passos, nada tímidos. "Queremos
estar entre as grandes do setor. Hoje, ainda somos uma empresa júnior,"
diz Jeremy Martin, presidente da companhia. Os primeiros investimentos
nos seus projetos já foram realizados, principalmente com prospecções,
perfurações e estudos. Mas os maiores desembolsos ainda estão por vir.
O principal projeto da companhia é a mina de níquel de Araguaia, a 25
quilômetros da estrada que liga os municípios de Conceição de Araguaia e
Redenção. Até hoje, os aportes somam US$ 30 milhões, e outros US$ 10
milhões estão previstos para este ano, para a conclusão de estudos de
viabilidade. Mas o total dos investimentos poderá ultrapassar o US$ 1
bilhão nos próximos anos.
Localização dos Alvos. Fonte: Horizonte Minerals |
Em janeiro, a companhia fez 81 perfurações nas zonas de
Jacutinga, Vila Oito e Pequizeiro (no total, o projeto é dividido em 15
blocos), somando 2.653 metros, de uma meta de 7.000 metros. Com as
buscas, encontrou 23,2 metros com minério com teor de níquel de 2,09%,
9,1 metros com 1,73% e 14,1 metros com 1,62%, índices superiores à média
do projeto, de 1,3%. "Neste ano terminaremos os estudos de viabilidade
operacional. Em 2014 começaremos os de viabilidade financeira", diz
Martin. Até lá, o executivo, que vive em Londres, fará diversas viagens
ao Brasil em busca de um investidor.
A expectativa de Martin é dar início às obras logo após a conclusão
dos estudos, no fim do ano que vem. Antes disso, a empresa espera ter um
sócio para os volumosos aportes que serão necessários para alavancar a
produção.
Ele diz que é cedo para estimar o total de capital necessário, mas
para efeito de comparação, o projeto Onça Puma, da Vale, teve
investimentos de US$ 2,8 bilhões, segundo a mineradora. A 100
quilômetros do Araguaia, Onça Puma foi construído para 55 mil toneladas
anuais de níquel contido, três vezes mais do que as 18 mil toneladas de
níquel contido em ligas de ferroníquel que a Horizonte estima produzir
ao ano. Já o projeto Barro Alto, da Anglo American, custou US$ 1,9
bilhão, para 36 mil toneladas ao ano.
Entre os argumentos de Martin para atrair parceiros está o tamanho da
reserva do Araguaia, estimada em 102 milhões de toneladas de minério de
níquel. O volume colocará a empresa entre as maiores do Brasil, com
cerca de 12% do minério disponível no país, segundo o Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM).
A estimativa de vida útil da mina é de 25 anos, segundo o último
relatório técnico do projeto. Apesar de parecer pouco (Onça Puma poderá
ser explorado por 35 anos), Martin enfatiza a vantagem do alto teor de
níquel constatado no minério - de 1,3%, contra 0,9% na Austrália, por
exemplo - e destaca a boa infraestrutura da região. "Existem reservas de
níquel em outros locais, como na Austrália e na África, mas o teor de
níquel é inferior ao daqui, e os locais são mais pobres em
infraestrutura, então seria mais difícil produzir."
Martin acredita que o preço do níquel no momento de início da
produção também pesará a favor do Araguaia. O primeiro grama do metal
está previsto para ser extraído dois anos e meio após o término dos
estudos, ou seja, por volta de 2017. Hoje, a tonelada vale US$ 18.300 na
bolsa de Londres (LME), sendo que ultrapassou os US$ 50 mil há cinco
anos. Para o fim do ano, expectativas de quatro analistas ouvidos pelo
Valor variam de US$ 17.700 por tonelada, previsão de Leon Westgate, do
Standard Bank, a US$ 18.750, para Casper Burgering, do ABN Amro. "Hoje
existe muita oferta de níquel no mercado, mas quando olhamos para 2017 e
2018, achamos que a demanda será mais forte, e o preço também", diz
Martin.
Atualmente, a produção global do metal está em um nível baixo
justamente por causa do preço pouco atrativo, diz Cristina da Silva,
chefe do DNPM em Goiás e responsável pelo último sumário da entidade
sobre níquel. "Hoje, as empresas não produzem um volume maior por
controle. O preço caiu, e elas avaliam a viabilidade mercadológica dos
projetos." Três das maiores do mundo, Norilsk, Vale e BHP Billiton,
pisaram no freio em 2012 e não estão posicionados para um crescimento
significativo neste ano, diz Westgate em relatório. Em 2011, as reservas
globais de níquel contido somaram 79,3 milhões, enquanto a produção
somou 1,8 milhão, o que pode ser considerado um nível baixo, segundo
Cristina.
Apesar do otimismo de Martin, o preço do níquel é um risco ao
projeto. O metal é um dos que apresenta maiores volatilidades entre os
principais não ferrosos. Ainda que os analistas esperem aumento da
demanda, também existe espaço para crescimento da oferta. Além disso, a
companhia tem como desafio as incertezas em relação ao novo código de
mineração. "Quando conversamos com investidores, todos querem saber o
que vai acontecer, mas na questão de royalties ainda não sabemos."
O níquel não é a única aposta da Horizonte, que por enquanto só atua
em solo brasileiro. Antes de comprar as licenças de exploração do
Araguaia, em 2010, da canadense Teck Resources, a companhia tinha um
escritório em Belo Horizonte (MG) para gerir outros projetos. Um deles é
o Tangara, de exploração de ouro em Carajás. Em 2007, fez um acordo com
a australiana Troy Resources para desenvolver e operar o projeto.
"Temos uma pequena participação, mas atualmente está tudo parado," disse
Martin. O desenvolvimento da operação depende de licenças.
A companhia também teve participação em outro projeto de ouro em
Carajás, o Falcão, com a sul-africana AngloGold Ashanti. No fim do ano
passado, entretanto, vendeu sua parte para a canadense Guyana Frontier
Mining. E apesar das duas tentativas sem sucesso, a Horizonte pretende
incluir um novo projeto do metal precioso no Brasil em seu portfólio.
(IBRAM/Valor)
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